A fertilidade é uma questão complexa e multifacetada, impactada por muitas questões físicas, psicológicas e ambientais tanto na mulher quanto no homem. Compreender esses fatores é crucial para casais que desejam ter filhos e para especialistas em Medicina Reprodutiva que fornecem orientação e tratamento.

Em 35% dos casais, a infertilidade é por causa exclusivamente feminina, em outros 35% dos casos, a causa é exclusivamente masculina. Em 20% dos casais existem fatores masculinos e femininos combinados e em 10% deles não há identificação dos fatores de infertilidade.

Nas mulheres, a idade é um dos fatores mais significativos que afetam a fertilidade. As mulheres nascem com um número finito de óvulos, e esse estoque diminui em quantidade e em qualidade com o tempo. A fertilidade começa a diminuir significativamente após os 35 anos e mais rapidamente após os 38 anos.

Outra condição comum é relacionada às alterações ou ausência da ovulação, sendo a causa mais comum à Síndrome dos ovários policísticos (SOP). Disfunções da tireoide e excesso de exercícios físicos, comum em mulheres atletas, também podem interferir na ovulação.

A endometriose ocorre quando o tecido do revestimento uterino cresce fora do útero, o que pode causar, além de outras coisas, a obstrução das tubas uterinas, inflamação e cicatrizes; todas as quais podem afetar a fertilidade. A endometriose afeta até 15% das mulheres em idade reprodutiva.

Anormalidades uterinas, como miomas uterinos ou pólipos, podem interferir na implantação do embrião ou causar abortos espontâneos.

A diabetes, a hipertensão e os distúrbios autoimunes podem impactar a fertilidade feminina, exigindo cuidados especiais e monitoramento durante as tentativas e na gravidez.

Nos homens, vários fatores afetam a qualidade do sêmen. A contagem de espermatozóides, a motilidade e a morfologia ou formato são fatores importantes na fertilidade masculina. Distúrbios como varicocele, obstrução nos ductos deferentes, infecções e problemas genéticos e hormonais podem afetar a produção e a qualidade do esperma.

A varicocele é uma dilatação anormal das veias dentro do escroto, o que pode aumentar a temperatura testicular e prejudicar a produção dos espermatozoides. As obstruções nos ductos deferentes, que levam os espermatozoides do epidídimo até o ejaculado, podem ser devido a problemas genéticos ou mesmo à vasectomia. No caso da vasectomia, pode haver reversão cirúrgica e recuperação do duto.

Nos homens, a idade é um fator menos preocupante que nas mulheres, pois os homens continuam a produzir espermatozoides ao longo da vida. Todavia, a quantidade e qualidade do esperma pode diminuir com a idade. Homens mais velhos têm maior probabilidade de ter problemas de fertilidade e um maior risco de alterações genéticas nos filhos.

Tanto para homens quanto para mulheres o ambiente tem profundo impacto na fertilidade. Assim, a exposição a substâncias químicas tóxicas, radiação e quimioterapia podem afetar tanto a quantidade ou qualidade da reserva ovariana quanto a produção e a qualidade do sêmen.

Fatores como tabagismo, consumo excessivo de álcool, uso de drogas recreativas, obesidade e estresse podem contribuir negativamente para a infertilidade. Nas mulheres, o cigarro aumenta a chance de abortos e reduz a reserva ovariana, enquanto que nos homens, há uma queda importante na qualidade seminal.

A má alimentação, repleta de alimentos industrializados, também piora significativamente as condições do sistema reprodutivo e dos gametas. Portanto, desembalar menos e descascar mais é uma dica preciosa para casais que buscam engravidar.

O casal que deseja ter filhos deve estar ciente de todas estas questões e da importância da mudança de hábitos e da investigação detalhada com exames médicos específicos para identificar a infertilidade.